Já sinto saudade de tudo, da gravidez que passou voando, especialmente os últimos dias, que eu não imaginava que seriam os últimos ainda... achei que se prolongariam.
Já sinto saudade de senti-la mexendo dentro de mim, sentir seu calcanhar chutar minha costela e comprimir minha bexiga.
Sinto saudade do meu barrigão, que paquerei tanto... já sinto saudade até do dia do parto que parece que foi ontem. Nossa, como essa passagem é incrível na vida de uma mulher! E digo, agora com mais autoridade do que antes: Vale a pena!
(Última foto oficial do barrigão com 38 semanas)
Vou contar agora, em detalhes, como foi o dia que a Anita veio ao mundo. Não tinha conseguido escrever ainda por conta da correria, mas não posso deixar passar tanto tempo, pois os detalhes vão ficando para trás e não quero que nada se perca com o tempo!
No dia 24 de abril, falei com o Thiago para irmos à um barzinho, pois não sabia quando iríamos conseguir fazer isso de novo.
Pertinho de casa, comemos uma porção de isca de peixe e de frango. Eu fiquei no refri e ele na cerveja, como amo uma cerveja, dei dois golinhos da dele. Foi muito gostoso e ficamos falando, claro, sobre a Anita, tentando adivinhar quando ela iria nascer... e o Thi chegou a dizer que gostaria que fosse no dia seguinte (25 de abril), mas no fim da tarde.
Nosso passeio foi rápido, saímos de lá às 21h. Chegamos em casa e fomos direto para o quarto descansar.
A noite foi "daquele" jeito, dormi mal para variar, a barriga já estava incomodando muito, fui algumas vezes ao banheiro naquela madrugada.
No dia seguinte já estava combinado com minha mãe de ela vir me buscar em casa umas 10h30 para eu tomar a vacina da gripe e depois irmos na casa da minha tia para um café da tarde.
Mais ou menos 7h45 eu acordei, (desculpem, mas essas coisas ocorrem no corpo da mulher quando ela está grávida), senti um "corrimento" meio exagerado e corri para o banheiro. Qualquer coisa diferente que ocorre em nosso corpo, já pensamos que pode ser o dia do bebê nascer.
Enfim, me sentei no vaso e começou a sair muito líquido. Nessa hora há um misto de dúvida, alegria, confusão... pensei: "Pra quem ligo primeiro, para o marido, para a mãe, para a médica?". Foi para o marido!
Falei para ele: "Acho que sua filha vai nascer hoje!". Nossa, ele parecia uma criança. Falei o que tinha acontecido, e que eu estava em dúvida se era xixi ou se a bolsa tinha estourado, mas achei que fosse a bolsa, pois não tinha controle daquele líquido!
Desliguei com ele e liguei para minha mãe. De verdade, eu estava suuuuper sossegada! Minha mãe pelo contrário ficou eufórica, dizia: "Ai, meu Deus, é meu rodízio, não dá pra te pegar. E o Pedro? Pra quem eu ligo? Como é que eu faço? Vou ligar pra Thais!".
Terceira pessoa a saber foi a Aline, minha irmã. Como ela mora no apto de cima, liguei para ela e ela ainda estava em casa. Desceu as escadas correndo e segundo ela, quase levou um tombo (é a cara dela).
Enquanto ela descia, liguei para a médica e disse que minha bolsa tinha estourado. Ela perguntou a coloração do líquido e eu disse que estava meio amareladinho, e ela falou para eu correr para o hospital.
Daí fiquei preocupada... tomei banho rapidinho e o líquido não parava de sair. Não tomei café da manhã, pois sabia que seria necessário jejum... detalhe que já acordei com fome.
Nesse meio tempo o Thiago veio para casa correndo me buscar para irmos para a maternidade.
Eu estava tão tranquila que arrumei a cama, me arrumei, deixei tudo pronto para a gente só sair, e o pai estava todo atrapalhado, trocando as coisas de carro...
Nossa felicidade era visível. Ficava pensando: "Logo, logo vou ter minha pequena em meus braços, meu Deus, o dia chegou!".
Saindo do prédio, o Thi tirou algumas fotos as últimas com a barriga de 39 semanas e 1 dia:
Pegamos um transito horrível para ir para a maternidade. Viaduto Pompéia parado, Dr. Arnaldo parada, Av. Paulista com transito intenso.
(Essa foto tiramos no Viaduto Pompéia, no caminho para a maternidade. Pais pouco ansiosos e babões...)
Minha sorte era que o líquido havia cessado nesse momento e que não tive nenhuma contração.
Chegamos na maternidade e já nos encaminharam para a recepção. Cheguei lá e a recepcionista nos perguntou: "Está marcado para que horário o seu parto?". Urgh, não está marcado, minha bolsa rompeu, kct... (claro que não falei assim,rs).
Então como meu caso era diferente, fui encaminhada ao PA, e lá fiquei por um bom tempo.
(Essa eu chamo de "salinha da ansiedade". Fiquei sentada lá por um bom tempo até ser atendida...)
Ah, no caminho para a maternidade minha médica me ligou para perguntar como estavam as coisas e eu perguntei o motivo de ela ter pedido para eu ir rápido para a maternidade, e ela disse que a coloração (que não era esbranquiçada) do líquido, poderia ser indícios de mecônio (primeiro cocô do bebê). Então expliquei para ela que eu achava que estava com outra coloração por ter um pouquinho de sangue. Então ela me acalmou dizendo que isso era normal, que não havia motivo para preocupação, mas que era bom eu ir logo, pois precisava tomar o antibiótico por causa do estreptococos, já que a bolsa tinha rompido, poderia haver contágio, portanto era bom medicar o quanto antes.
Bom, na salinha da ansiedade mediram minha pressão, me fizeram um monte de perguntas, inclusive, novamente, para quando estava marcada minha cesárea... e mais um vez, respondi que não estava marcada, KCT.
Como estava com o resultado do exame de estreptococos comigo, eles já me medicaram e depois me mandaram para uma sala onde uma dra. me examinou.
Foi nessa hora que fiquei super chateada. Ah, gente, não é drama, mas era algo que queria muito pra mim, queria muito que desse certo o parto normal, não só por mim, mas principalmente para a Anita. É tão melhor, tem tantos benefícios... queria muito ter ficado com ela desde seu primeiro minuto de vida... mas enfim, o que aconteceu foi:
A dra. fez exame de toque em mim (nessa hora meu líquido já estava parecendo uma enxurrada, digo que não é muito agradável a sensação...), e constatou que eu não tinha nem um dedo de dilatação, e mais, meu colo estava fechado, grosso... A Anita estava longe de sair por lá. Para atrapalhar mais, eu não tive contrações. Elas são necessárias para ajudar na dilatação e também para afinar o colo e empurrar o bebê.
Nada me ajudou!
Então a médica que me examinou ligou para a Dra. Vera, explicou como estava a situação, e minha médica me encaminhou para a Cesariana.
Eu quase chorei, fiquei muito decepcionada, mas fiquei pensando que o importante era a Anita nascer com saúde, eu tinha que me conformar.., o que eu poderia fazer afinal?
Nessa sala já pediram para eu tirar todos meus brincos, anéis, relógio e me deram aquele aventalzinho "lindo".
Voltei para a "sala da ansiedade" e fiquei esperando me encaminharem para o pré parto (baita processo, pelo amor de Deus).
O Thi ficou comigo na sala de exame, mas na da ansiedade ele não podia ficar comigo. Foi preencher minha ficha de internação, resolver a filmagem do parto e todo resto.
Nessa hora já estavam na maternidade minha mãe, irmã Thais e meus sobrinhos todos, André, Victor e Pedro.
Me mandaram deixar minha bolsa e celular com o Thiago, e aí que o tempo não passava mais mesmo.
Depois de um tempo, me levaram numa cadeira de rodas para a sala de pré parto, onde estavam mais duas grávidas apáticas. Tá louco, eu super empolgada com o nascimento da minha filha e elas com cara de quem estava indo numa consulta de rotina...
Elas tinham marcado a cesariana... Que meninas sem emoção...
Nessa sala, apesar de chegar depois, fui atendida primeiro, provavelmente por eu estar com a bolsa rompida.
Minha médica apareceu nessa hora, conversou comigo para eu não ficar chateada e disse que minha filha não queria nascer por "lá"... e que iria tentar acelerar o processo todo e tentar fazer meu parto naquelas salas que contei para vocês, que tem aquela janela com vidro leitoso que os médicos, assim que o bebê vai nascer, tornam o vidro transparente para os familiares poderem ver o bebê.
De lá fui para uma outra sala onde fiquei deitada numa maca, e me colocaram no soro. O tempo não passava, estava muito ansiosa. Nessa sala havia um monte de grávidas, umas 15 no mínimo (acho que todo mundo gosta do dia 25, pois a maioria estava com o parto marcado).
Mais uma vez me perguntaram para quando estava marcado meu parto... minha nossaaaaa, que car.....
Apareceu um anestesista que me explicou como seria feita a cesariana e como seria aplicada a anestesia.
Minha médica apareceu novamente dizendo que eu já tinha apartamento e que meu parto seria umas 13h30/14h + ou -.
Ligou para o Thiago avisando como estava tudo e me deixou lá.
Ás 13h40 aproximadamente uma enfermeira chegou dizendo que era hora de irmos.
Por incrível que pareça, das 7h45 da manhã, até as 14h eu não tive uma contração sequer!
Perguntei para ela quanto tempo demoraria para o bebê nascer, pois eu havia nascido às 14h e seria legal se ela nascesse no mesmo horário, mas ela achou que nasceria um pouco antes, pois era bem rápido, coisa de 10 minutos.
Me levou de maca até a sala de cirurgia. Meu Deus, que frio na barriga. Estava ansiosa, mas não nervosa. Acho que de todas as cirurgias que fiz, foi a que menos tive medo, a que mais estava calma.
Chegando na sala, me explicaram de novo como seria o parto. A anestesista era uma graça, muito atenciosa, aplicou a epidural em mim. Aff, que aflição. Sempre tive medo de me mexer na hora de aplicar a anestesia e ficar paraplégica hahaha. Sempre pensei nisso com pavor. Tentei ficar imóvel.
Depois de aplicar a anestesia eles me colocaram a sonda e daí eu já estava meio grogue. Não sei o que mais eles colocam no nosso soro, mas fiquei estranha...
Minha médica ficava o tempo todo tornando a janela da sala transparente para ver se minha família já estava lá, mas cadê todo mundo?
Inclusive o Thiago não chegava. Que medo de ficar sozinha nessa hora tão linda.
(Nossa última foto como um casal)Um pouco depois ele estava lá, ufa, que alívio ter meu marido comigo. Um pouco depois vi as mãos dos meus sobrinhos no vidro tentando enxergar alguma coisa. Mais um alívio.
E aí, exatamente às 14h, ouvi eles dizerem: "Papai, vem pra cá fotografar, vai nascer!". Meu coração acelerou, uma alegria tomou conta de mim, e em alguns segundos, escutei seu chorinho. Ah, que alívio ouvir seu choro!
Claro, eu também chorei!
(Anita nasceu com 3,150 kg e 49 cm)
E a mãe, mais uma vez, se ferra! É a última a ver o bebê...
(Nossa primeira foto juntas, amor a primeira vista, a primeira mexida, a primeiro ultrassom...Melhor momento da minha vida)
(A família babando na pequena)
(Nossa primeira foto como uma família)
Depois do parto, o Thiago saiu da sala e levaram minha pequena embora. Enquanto os médicos me costuravam, eu ficava olhando o relógio e a hora não passava, queria ir para o quarto, ver minha filha, pegá-la no colo, mas não... fui para a sala de recuperação, onde estavam mais umas 500 mulheres se recuperando da anestesia, e por lá fiquei por um tempão.
Eu, muito boba, ficava rindo sozinha, lembrando do parto, do pouco que vi do rostinho da Anita, pensando em em pouco tempo a teria comigo, embaixo das minhas asas! Me pegava rindo sozinha, devia estar com uma cara de boba...
Senti então muita coceira, muita mesmo, minha médica disse que eu teria coceira por conta da morfina, para não sentir dor no corte naquelas primeiras horas pós parto, e eu me coçava tanto que fiquei um horror, toda vermelha.
Gente, e a anestesia? Pelo amor de Deus, que sensação horrorosa é ficar sem mexer as pernas, sem senti-las. É apavorante! Querer mexer e ela não responder... Tanto que na hora do parto, os médicos colocaram minhas pernas em uma posição e eu achava que elas continuavam daquele jeito, podia senti-las naquela posição. Mas de repente vi minhas pernas pra cima e morri de aflição. Até disse para minha médica que tinha certeza que elas continuavam na posição que estavam assim que tomei a anestesia, e ela disse que já não estavam assim fazia tempo. Nossa, muito estranho!!!
Deu mais ou menos 2h30 na sala de recuperação e eu já tinha começado a mexer as pernas de novo. Iam me levar para o quarto, mas quando viram meu estado, toda vermelha de tanto me coçar, me perguntaram se eu queria um medicamento para dar uma amenizada e eu disse que sim. Por esse motivo fiquei lá por mais 40 minutos.
Demorei tanto que o Thiago ligou para perguntar se eu estava bem. O que foi bom, pois ela acelerou o moço para ir me buscar e me levar para o quarto.
Foi então que o mocinho me pegou na maca e me levou para o quarto. Cheguei no quarto (um belo quarto por sinal, acho que duas vezes e meia maior do que o quarto que vi quando fui conhecer a maternidade) estavam minhas irmãs, pais, cunhados, sobrinhos e minha prima.
Não me lembro direito de tudo, nem o que eu disse ou fiz, eu ainda estava grogue. Fiquei no quarto por um tempão e cadê minha filha?????
Eles não traziam ela pra mim, e eu, como sou a rainha da pesquisa, li que é muito importante dar de mamar na primeira hora de vida do bebê, mas pelas regras da maternidade, o bebê só vai para o quarto depois do pediatra vê-lo, dar banho, etc... e isso demora aproximadamente 7 horas para acontecer e ela poder ir para o quarto e ficar comigo. Que raiva!
No fim das contas minha irmã Aline deu um "piti" e trouxeram a Anita para mim
(Essa é a foto que estou menos feia, a anestesia acaba com a gente e eu não tinha condições de sair bonita, rs).
No restante da noite (porque já era noite), a família tirou fotos com a Ani, e ficaram babando nela, que já era um poço de simpatia e beleza.
Ok, sou mãe coruja, mas ela é tão linda!!!
Meus tios também foram para lá, chegaram depois.
Bom, esse foi o dia que a Anita nasceu, o dia mais lindo e importante da minha vida. Foi maravilhosa a surpresa de acordar e ela ter me dado o sinal, que aquele era o dia dela, que eu a teria em meus braços em poucos instantes, e no dia que ela escolheu para isso acontecer.
Foi nesse dia que descobri o que é o amor verdadeiro, o mais puro e sincero que se pode existir. Que a gente se doa sem receber e querer nada em troca. Nosso retorno é ver nosso bebê crescer graças ao nosso leite, saber que está saudável graças à nossa dedicação, e que está desenvolvendo normalmente.
É perfeito ver o sorriso mais lindo do mundo e seus olhinhos fixos em nós, nos conhecendo.
Não tenho dúvidas de que a melhor coisa que existe nesse mundo para uma mulher é se tornar mãe!
(primeiro registro de seu sorriso)
(Esse texto eu comecei a escrever há 4 dias, mas com a correria de troca de fraldas, mamadas, banhos, roupas sujas para lavar, coisas em casa para arrumar, sono atrasado... só consegui terminar hoje e com muito esforço). Peço desculpa se me prolonguei demais, mas é que além de ser um blog, acabou se tornando um diário pessoal, e aqui quero deixar tudo registrado para um dia a Anita ler e saber o quanto é especial para mim e todos que a cercam, e o quanto sua chegada foi bem vinda por nós!
Anita, você é nosso sonho realizado. O sonho da mamãe e do papai. Esperamos por esse momento durante 13 anos, e ele se realizou, na hora certa, como o melhor sonho que poderia existir.
Obrigada, meu Deus, por ter me dado a oportunidade de gerar e conceber esse anjinho, obrigada por me tornar mãe e ter meu primeiro e maior amor do mundo em meus braços.
Um amor que não se compara a nada que já vivi nessa vida. E é por isso que dizem, que por um filho, a gente faz coisas inimagináveis!
Amo você, Anita, mais do que tudo, te amo tanto que chega a doer, e por você dou minha vida!
Obrigada por me escolher para ser sua mãe, prometo ser a melhor que posso ser, a melhor do mundo para você, e estar sempre ao seu lado, ser sua amiga, seu colo, seu porto seguro!